sábado, 30 de maio de 2009

OS SONHOS DE UM JOVEM SABANÊ


Afinal de contas, o que quer o índio do Século XXI? Viver da caça e da pesca? Contentar-se com as lavouras de subsistência, longe desta aldeia muito doida dos “civilizados”? As respostas vêm segundo o prisma de um jovem: Otávio Augusto Sabanê, 18 anos. Ele é estudante da sexta-série, mora com os pais e cinco irmãos na aldeia Aroeira, a 18 km do centro de Vilhena.

Igual a maioria dos jovens, o carismático Otávio tem um ímpeto questionador e respostas para tudo. Gosta da vida que leva na aldeia, onde vivem mais de 100 adolescentes como ele. Gosta das danças, da carne de “purete” (macaco), mas acalanta sonhos “de branco”.

Otávio gosta de carros, tem celular e há alguns dias visitou pela primeira vez uma lan house (casa de acesso à internet) em Vilhena. “Eu bem que tentei criar um Orkut, mas não consegui. Entrei nuns sites, mas queria ter mais acesso às páginas da Funai e da Funasa, conhecer mais nossos direitos. De todos os índios que conheço (e são centenas), apenas um deles tem Orkut”, revela.

Depois de algum tempo sem estudar, Augusto voltou à escola, que funciona na reserva onde mora, impelido pelo incentivo de receber R$ 102,00 mensais do programa Bolsa Família, do Governo Federal. Ao aprender “coisas de branco”, o adolescente reflete sobre a cultura geral e valoriza ainda mais suas raízes. “Minha cultura será sempre guardada em algum cantinho”, garante, ressalvando que ambiciona projetos de vida fora do contexto indígena. “Eu queria ser três coisas: locutor de rodeio, caminhoneiro e cantor sertanejo, mas sempre pode voltar à aldeia e viver minha cultura”, pontua

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